sábado, 29 de maio de 2010

O Manifesto canalista ano 10

O Manifesto Canalhista.
Uni-vos canalhas de todo o mundo pela causa canalhistica. Mas qual é a causa canalhistica? Quais as suas convicções? Quais seus projetos políticos? Seria precipitado estabelecermos um conceito apurado e definitivo em um manifesto conclamatório das diretrizes e ações da Canalha no contexto da pós-modernidade. É necessário pontuarmos historicamente os percursos dos significados semânticos da palavra no Brasil, para definirmos o sentido e a reestruturação hermenêutica do conceito da Canalha para o terceiro milênio.Durante muito tempo o termo “canalha” foi usado pejorativamente como sinônimo de falta de caráter ou comportamento animal – Canalha: aquele que vem dos cães, ou aquele que vive com os cães – era a comparação mais vil e rasteira atribuída aos infames homens inescrupulosos que cometiam crimes ou faziam afrontas à ordem pública, tal qual as matilhas sedentas atrás das cadelas que ao exalar seu odor, proporcionavam uma competição pelo prazer animal. Este significado original ganhou proporções significativas quando o termo passou a constituir um sentido de classe. Não temos informação sobre, a partir de quando, a palavra passou a ser veiculada com um sentido classista negativo. Mas, já nos séculos XVIII e XIX, ela aparece nos documentos fazendo referência às classes populares. Talvez, deva ter vindo com as esquadras portuguesas que aportaram no Brasil durante todo o Período Colonial, trazendo tanto a fidalguia como a escória da sociedade portuguesa.
Os homens de cabedais da sociedade brasileira, Luzias e Saquaremas, costumavam se referir às classes populares como “a Canalha, a vil ralé que cospe no chão”, aquela categoria de gente que guardava em si todos os dissabores de uma sociedade civilizada que ocultavam os princípios morais e ultrajavam a boa sociedade com seu comportamento torpe.Hoje, o termo Canalha aparece nos dicionários da língua portuguesa como: “gente vil; escória social; ralé; pessoa infame; biltre; patife, ou seja, aos marginalizados que, não raro, se relacionam com a gente pobre ou às pessoas sem caráter”. Precisamos redimensionar a Canalha, dar a ela o sentido histórico que ela sempre mereceu, acendendo as luzes da esperança na ética vinda de baixo, emergindo como força centrípeta.É neste sentido que devemos pensar a Canalha como uma entidade que surgiu no epicentro das transformações pós-socialismo real, embalada por uma euforia que emana a esperança na luta pela causa humana, pelo respeito, pela equidade, pela retidão e, principalmente, pelo prazer de viver. A Canalha não é um movimento a toa, ela é o embrião da nova atitude política de esquerda, meio partidária, meio libertária, ambivalente, paradoxal, bipolar e dialética. Ela é a esperança do terceiro milênio o novo mosaico interpretativo da sociedade alternativa.Afirmando o seu caráter lúdico-etílico, libertário, prosaico-lírico, socialista, marxista, zen, pós-capitalista. A Canalha vem hoje, neste momento jubilar, celebrar a certeza de que a esperança e a luta nunca deixaram de fazer parte de nossos corações e nossas mentes em busca de um mundo mais justo e melhor.


José Dias Junior,

Belém
08/02/2006

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